sexta-feira, 6 de julho de 2007

Artigo!

Hoje quero postar aqui no Portifólio Publicitário um artigo super bacana escrito pelo xará Eduardo Visinoni, supervisor de criação da Bronx e Diretor de Divulgação do Clube de Criação do Paraná, o texto é dirigido não só a estudantes de Publicidade e Propaganda, mas a todos que trabalham com comunicação, tenho este texto sempre a mão pois acho ele perfeito. Apreciem...


A propaganda é uma cantada e não uma Bula de remédio

Em minhas aulas, uso uma analogia que faz sucesso entre os alunos: propaganda é basicamente uma cantada. Uma cantada que segura a atenção de alguém no meio da ferveção da noite e inicia uma relação. Nessa analogia, eu dizia que o visual do pegador, suas roupas, tatoos, músculos e dentes clareados compõem a direção de arte, a isca. E o texto é o “plah”! O anzol que fisga.


Quem já levou ou ouviu alguma cantada sabe que tem muita besteira, mau gosto, déjà vu pela night. Porém, às vezes, alguém mais inspirado, quebra a frieza e ganha um coração. Via de regra essa cantada vencedora é original, ousada e, é claro, tem um risco. Por isso mesmo é eficiente. Uma idéia sem risco não é uma idéia da mesma forma que “Ei, princesinha linda, você vem sempre aqui?” não vai levar você para a Rodovia dos Minérios.

Isso que parece bastante legal e óbvio na sala de aula, quando transposto para a nossa rotina não funciona. Por quê? O risco está sendo eliminado de nossas cantadas. Com medo de ouvir o “não”, as campanhas estão sendo amordaçadas, esterilizadas e acabam sedutoras com bula de medicamentos.

Hoje, a cantada padrão é um cara vestindo jeans e camiseta neutra com logo gigante chegar na gata e disparar “Oi, eu sou bacana, sensível e tenho 12 anos de bons serviços à comunidade, quer casar comigo? Dou garantia e tenho a ISO ambiental”. Se for mais tosco, tasca “Vou te chupar tão forte que você vai ter que tirar os lençóis da sua bunda quando eu terminar". Ou se for mais de varejeiro "Ôh! gatinha, tá a fim de ganhar 50 conto fácil?” O Mussum com a sua clássica "Casa, comida, três milhão por mês" era mais efetivo.

No calor da night, com tantos solteiros em busca de companhia, a cantada é necessária e vital. Na ferveção do horário nobre também. Não há lugar para timidez na propaganda. O bom criativo não insiste na idéia nova, na piada apimentada, no lay diferente porque ele é irresponsável ou chato, mas porque quer fazer valer a saliva do cliente. É comprovado que a atenção do consumidor é muito maior quando a peça tem um frescor de novo. Surpresa arrebata! É como chegar no gata e disparar "Sabe o que ficaria bem em você? Eu." Ganhar a atenção por um instante e fazer um sorriso surgir num rosto passivo é meio caminho tanto para a Rodovia dos Minérios como para o aumento do share.

Algum precavido vai dizer que isso é arriscado. Pode acabar tanto no beijo de língua como no tapa na cara. Mas não se corre esse risco de olhos vendados. É um risco estudado, messurado e diminuído na maturidade do criativo. Minha regra é ousar sempre, mas com critérios. Para evitar levar um tapa, o bom sedutor temque ter bom senso. Mandar flores ao invés de dar beliscão na bunda. Ouvir ao invés de contar piadas chulas. Seduzir ao invés de amolar. Isso dá resultado! Cria-se momentos inesquecíveis, casamentos duradouros, geram-se bons filhos que crescem e vão dar orgulho aos pais que um dia dirão: “Tá vendo aquela top model desejada e aplaudida? Começou quando eu olhei fundo nos olhos da mãe dela e disse: Você acredita em amor à primeira vista, ou devo passar por aqui mais uma vez”?

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